17 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida (2016)


Quando anunciado pela Warner, Esquadrão Suicida parecia uma aposta ainda mais ambiciosa do que juntar a famosa Trindade da DC (Mulher-Maravilha, Batman e Superman). Contudo, a pressão dos fãs xiitas é consideravelmente menor, uma vez que não se trata diretamente de um filme com os medalhões da casa, ainda que estejamos falando de uma superequipe criada lá em 1959 e com décadas de histórias e reformulações.

E essa atmosfera despretensiosa fez com que a produção fosse para frente e gerasse, no mínimo curiosidade para assistir. Eis então que o filme, escrito e dirigido por David Ayer (Marcados para Morrer e Corações de Ferro) chegou às telas neste mês de agosto.

A premissa é a mesma da HQ: um grupo de supervilões é reunido pela chefona Amanda Waller (vivida pela impecável Viola Davis) para lidar com uma ameaça extrema que, por alguma razão, o governo dos EUA não quer a Liga da Justiça ou qualquer outro super-herói envolvido. Se voltarem, ganham redução nas penas e certas regalias, se alguém morrer, bem, ninguém vai saber ou sentir falta. Todos mantidos na linha por Rick Flag (Joel Kinnaman, da série The Killing e o Robocop do brasileiro José Padilha), pela anti-heroína Katana (Karen Fukuhara) e por micro explosivo implantado na cabeça.

No filme, temos os personagens usados nas formações mais recentes do time, como a psicótica Arlequina (a ótima Margot Robbie de O Lobo de Wallstreet), e outros que estiveram presentes em praticamente todas as formações, caso do Pistoleiro (Will Smith, que dispensa apresentações) e do Capitão Bumerangue (Jai Courtney da franquia Divergente). Completam o Esquadrão o piromaníaco El Diablo (Jay Hernandez) e até o infame Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje).

A missão
Passadas as apresentações do início do filme, as cenas a seguir mostram o recrutamento, muitas vezes feito a contragosto dos vilões. Depois, Amanda Waller explica a missão de maneira rápida e sucinta. Tudo que é divulgado é que se trata de uma missão de resgate - da qual apenas Flag tem todos os detalhes - em uma cidade previamente evacuada e que quem voltar vivo será recompensado, ao mesmo tempo que tentativas de fuga serão punidas com a morte.

A Arlequina de Margot Robbie desequilibra
A equipe parte para o combate e, mais adiante, é revelado que, além de resgatar uma pessoa do alto escalão, o grupo ainda terá que lidar com Magia (Cara Delevingne), a bruxa ancestral que se apossou do corpo da doutora Jane Moon, também interesse amoroso de Rick Flag.

Contar mais sobre a trama e os fatos a partir daqui atrapalha a diversão de quem for assistir, mas o que se segue são sequências de ação divertidas e coroadas com uma trilha sonora de extremo bom gosto. O ritmo do filme é um pouco corrido, mas essa acabou sendo uma boa decisão, pois passar a impressão de que os fatos acontecem em tempo real dentro de uma única noite ajuda a posicionar o espectador em uma situação que deve ser resolvida rapidamente. 

Outro ponto positivo é a presença de outros heróis da DC. Se em Batman v Superman essas aparições não passam de meros easter eggs sem propósito – com exceção da Mulher-Maravilha, claro – aqui elas tem papel importante e mostram que sim, a Warner está empenhada em criar um universo compartilhado entre seus heróis no cinema, e cronologicamente posicionado após os eventos do filme dirigido por Zack Snyder. As atuações também não deixam a desejar e a Arlequina de Robbie ganha definitivamente o coração do público. 

Tropeços de refilmagem
Pouco é visto do Coringa feito por Jared Leto
Embora a enxurrada de críticas negativas sejam, na minha opinião, exagero, Esquadrão Suicida tem seus erros. Alguns são leves, como os flashbacks que acabam quebrando a narrativa. Outros, porém, mais pesados, como alguns pedaços que dão a impressão de terem sido editados errado, claramente um fruto das refilmagens realizadas já na pós-produção com o intuito de deixar o filme mais leve. A quantidade de cenas, aliás que está no trailer e não aparece na versão final é bem grande.

Quem perde com isso é o Coringa de Jared Leto. Alvo das maiores expectativas do público, o palhaço do crime aparece pouco e com uma atuação rasa, o que acaba sendo ruim para que o público saiba a que veio o personagem de fato. Mais uma vez culpa dos executivos que parecem ter decidido de última hora que o filme deveria ser mais família.

Mas, ainda que uma boa dose de despretensão seja necessária para assistir, o produto final não compromete a diversão. Esquadrão Suicida é uma película, que no mínimo, aguça a curiosidade para ver os próximos passos dos personagens da DC na telona, agora que todos vivem sob o mesmo teto.  

20 de fevereiro de 2016

Deadpool (2016)


Insolente, desbocado e despreocupadamente incorreto. Assim é Deadpool, a produção que chegou aos cinemas na última quinta-feira (11). O longa conta a história de Wade Wilson (Ryan Reinolds), o típico ex-soldado das forças especiais que ganha a vida como um mercenário de bom coração. Wilson vive tranquilo com sua namorada Vanessa (a brasileira Morena Baccarin) até descobrir um câncer que já se espalhou por diversas partes do corpo.

A chance de redenção vem de um tratamento ministrado por uma organização criminosa, que induz humanos normais a se tornarem mutantes. Resultado: Wade Wilson ganha um fator de cura que regenera seu corpo instantaneamente de qualquer ferimento – e, claro, dá cabo do câncer –, agilidade e reflexos sobre-humanos. Mas deixa-o totalmente desfigurado no processo. 

O mercenário, então, foge do laboratório, adota um traje vermelho e preto e, sob a máscara de Deadpool, parte em busca de vingança contra seus captores deixando um rastro de corpos e muito humor negro pelo caminho. A essa altura, os bandidos – obviamente – já encontraram e raptaram Vanessa. Mas Wilson não está sozinho e irá contar com a inusitada ajuda dos X-Men Colossus, feito em computação gráfica e dublado por Stefan Kapicic e Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand) para resgatar sua amada. 

Não escapa ninguém

O plot é clichê. Eu sei, você sabe e os produtores também sabem. E – pasme – o personagem também. Essa é a genialidade em Deadpool. O Mercenário Tagarela interrompe a narrativa o tempo todo para se colocar no lugar do espectador, quebrando a famosa quarta parede. 

E se Wade Wilson é um combatente implacável nas sequências de ação, sua língua igualmente mortal nos brinda com algumas das melhores falas já escritas ao escrachar deliberadamente a produção, o universo dos super-heróis e até a própria indústria do cinema como um todo. Desde a abertura até a impagável cena pós-créditos finais.  

Ninguém é poupado pelo roteiro e a cada momento somos surpreendidos por referências mostrando que nada foi esquecido. Nem mesmo os fracassos prévios de Ryan Reynolds em suas duas incursões pelo universo dos super-heróis. Portanto, espere – ótimas – piadas com Lanterna Verde e o próprio e irreconhecível Deadpool de X-Men Origins: Wolverine. 

Easter Eggs de outros filmes da Marvel estão lá, ainda que sutilmente, pois a luta final é realizada em um porta-aviões aéreo sucateado. E explicitamente, já que uma das falas da cena final o personagem pergunta ao público se eles estão esperando Samuel L. Jackson aparecer de tapa-olho. Impossível não rir.

Fidelidade máxima

Fazer cinema de super-heróis ficou difícil depois que a Marvel firmou o pé como estúdio. Tramas bastante enraizadas nos gibis e um universo próprio e compartilhado por diversos filmes deixaram o público exigente e crítico.

E depois de um sofrível reboot de Quarteto Fantástico e outros equívocos mostrados em longas dos X-Men e nos dois solos do Wolverine, Deadpool é a prova de que a Fox finalmente entendeu o recado. Um filme adulto, que respeita a mitologia do personagem e o mostra fazendo na telona exatamente o que faz no gibi: mutilando e baleando vilões bizarros e com piadas de gosto duvidoso, feitas em cima da história, do universo das HQs em si e até do próprio leitor. 

Tanta zoeira desenfreada passa a impressão de que Deadpool não deu trabalho para ser feito. Ledo engano. Além do cuidado para que as tiradas exercessem o impacto cômico no tempo certo, a presença de Colossus mostra o quanto a lição de casa foi bem feita pela produção. A dublagem de Stefan Kapicic é carregada no sotaque russo. Algo que foi ignorado em todos os filmes dos X-Men no qual o personagem apareceu até hoje. Ponto para os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick e para o diretor Tim Miller.   

Herói para maiores
A violência explícita e as cenas de nudez e sexo fizeram com que Deadpool recebesse uma censura 18 anos nos Estados Unidos e 16 anos no Brasil. A decisão não poderia ter sido mais acertada, uma vez que todos estes elementos adultos contribuem para a sustentação do personagem.

Com isso, a história de Wade Wilson abre um precedente antes ignorado pela indústria: o de que adultos também leem quadrinhos e consomem personagens mais densos. E estes, por sua vez merecem ser retratados à altura no cinema. A sequência do Mercenário Tagarela já está garantida pelo estúdio, claro, todavia o importante é que a receita deu certo. 

E, no fim, talvez essa seja a maior piada de Deadpool: ser justamente ele quem mudou a maneira de como se faz filmes baseados em quadrinhos. E você pode apreciar esse momento do melhor lugar possível e ainda comendo pipoca. Então, deixe as crianças em casa e corra para o cinema! 


19 de janeiro de 2016

Creed

O filho ilegítimo do grande boxeador Apollo “Doutrinador”, Creed decide subir ao ringue como lutador profissional e escolhe ninguém menos do que Rocky Balboa, o melhor amigo e eterno rival dele para treiná-lo. Enquanto tenta sair da sombra do pai e, ao mesmo tempo honrar seu legado, o jovem percebe que somente talento não basta para chegar ao topo. Essa é a história de Creed – Nascido Para Lutar, que chegou às telas brasileiras no dia 14 de janeiro. A produção é dirigida por Ryan Coogler (Fruitvale Station - A Última Parada) e traz no elenco Michael B. Jordan (de Poder Sem Limites, e da última versão de Quarteto Fantástico) como Adonis Creed e Sylvester Stallone de volta ao papel que o consagrou.   

Se a premissa está longe de ser uma pérola em termos de originalidade no cinema, o peso de Creed ser o sétimo filme da série iniciada em 1976 não ajuda. Afinal, pode-se dizer que o público já viu de tudo nesses 40 anos de franquia. Desde a clássica jornada do herói no primeiro filme até a crítica sutil à empáfia e ostentação de alguns esportistas da atualidade no sexto, intitulado Rocky Balboa (2006). Passando por um leve flerte com a ficção científica personificada pelo anabolizado Ivan Drago (Dolph Lundgreen) de Rocky IV (1985).

Mas, o dilema de trazer algo novo para quem assiste foi resolvido por Coogler – que também roteiriza o filme – de uma maneira bem acertada. Se o plot inicial é claramente um remake do primeiro, o desenrolar dos fatos o posicionam – e muito bem – como uma sequência direta do longa de 2006, com um Balboa ainda mais velho e combalido.

Ao longo do filme, acompanhamos a história do rapaz. Desde o dia que Mary Anne, a viúva de Creed (Phylicia Rashad), o adota em um reformatório, passando por suas bem-sucedidas lutas ilegais no México e pelo momento no qual ele decide largar o emprego em uma instituição financeira para se dedicar ao boxe em tempo integral.

Até chegarmos à Filadélfia, onde ele se muda para um pequeno apartamento na cidade e pede a um relutante Rocky que o treine. Daí por diante, a película entrega ao público os clichês esperados: o treinamento, a vida no subúrbio e o interesse amoroso do rapaz na musicista Bianca (vivida por Tessa Thompson).

Dentro e fora do ringue

Ainda no campo dos acontecimentos esperados pela plateia, claro que Creed também tem seus vilões. O invejoso treinador Pete Sporino, que faz de tudo para promover a luta entre Adonis e seu filho Leo para atingir Rocky; e o boxeador falido e de caráter duvidoso Ricky Conlain (Tony Bellew), com quem o jovem Adonis protagoniza o embate final.

Embora tudo seja moldado e conduzido para o que vai acontecer dentro do ringue nos dois grandes combates, é o que acontece fora dele que ganha o espectador. Em Creed, todo mundo está lutando contra alguma coisa. Seja Adonis para não ser lembrado apenas como o filho ilegítimo de um dos maiores pugilistas da História, Bianca contra a doença degenerativa que está consumindo sua audição e o próprio Balboa, que procura se convencer o tempo todo de que ainda há o que fazer nesse mundo, mesmo que sua esposa e amigos já tenham partido.

Contudo, não pense que o filme deixa o boxe de lado. O esporte não é negligenciado nem por um minuto e pode-se dizer seguramente que supera os anteriores ao retratar esse universo de uma maneira realista e em certos momentos visceral. Assim é Creed – Nascido para Lutar, uma produção que entrega sequências de luta ambiciosas, coreografadas com perfeição e ainda surpreende pelo drama bem conduzido, marcado por ótimas atuações.




Texto habilidosamente escrito pelo nosso fiel colunista Carlos Bazela :)

5 de junho de 2015

O amor segundo Spike Jonze

Cara... na toada e que estamos, você já parou para pensar como serão os relacionamentos daqui para frente? O Spike Jonze já! E é desse cara que a gente vai falar :)

Os que me cercam sabem que eu simplesmente caí de amores pelo filme ELA (Her, EUA, 2013), que concorreu ao careca no ano passado. Eu fiz questão de falar tanto desse filme que a turma até enjoou um pouco. Mas enfim, a temática principal desta lindeza dirigida por Spike Jonze era uma visão de como seria o relacionamento no futuro. Que já não é mais tão futuro assim, algumas coisas já dão indícios de início imediato.

Eu não sabia, mas, antes de ELA, nosso digníssimo diretor produziu um curta em parceria com a Absolut (sim, ela mesma) também sobre essa temática. E vos digo caros colegas: uma delicadeza sem tamanho. São 30 minutos de poesia e indagações pertinentes.

Em um tempo que não sei dizer se próximo, distante ou logo ali, Sheldon (Andrew Garfield) é um robô bibliotecário pacato, que vive em uma sociedade onde humanos e robôs convivem, mas, aos robôs estão destinados os trabalhos “menos nobres”  desprezados pelos homens. A vida segue boa para Sheldon, ele aceita essa situação e vai tocando o barco solitário, recluso e conformado. Este é o cenário de I´m Here (EUA, 2010).

Tudo vai bem até que ele conhece Francesca (Sienna Guillory), uma robô altiva, espevitada e cheia de amor pela vida. Pronto, nem preciso dizer que rolou o amor e a vida do moço virou de pernas para o ar, mas no bom sentido. O que faltava de vivacidade em Sheldon sobrava em Francesca e, logo, a atração e a maneira como se completavam foi incontrolável.

É legal reparar em alguns pontos que o curta toca. A realidade de Sheldon é monocromática, sem vida, sem decoração. Sua casa, branca, sem móveis, apenas um carregador de baterias que usa para recobrar as energias todas as noites. Já o ambiente de Francesca é barulhento, cheio de gente, musical, agitado. E os dois vivem na mesma sociedade e são alvo dos mesmos preconceitos.

Jonze traz por meio dos robôs seu olhar sobre temas como exclusão, aceitação e relacionamentos (óbvio).  A história deles de certa forma critica a “automatização” dos relacionamentos de hoje, a frieza que impera e a rapidez das dissoluções entre a gente. Tudo ao alcance de um clique. Viu, não respondeu, está fora. É assim agora. E não estou falando apenas de relacionamento amoroso tá.

O relacionamento não convencional dos dois, desperta inveja e revolta em alguns humanos.  E a grande questão é: até que ponto a gente é capaz e deve se doar em prol do outro? Ou até que ponto o outro tem direito de nos pedir esta doação? Ou ainda, o ato de doar-se vem imbuído do quê?

Acho que uma discussão bacana, e de certa forma uma crítica também, é de como perdemos a noção do limite quando nos apaixonamos. E será que isso acontece pela paixão simplesmente ou essa ânsia de agradar e bastar ao outro esconde uma insegurança latente em nós? Talvez Bauman soubesse responder.... eu não sei. Mesmo.

Quando eu digo que o curta é de uma delicadeza emocionante, é por ela ser sentida na fotografia, cenário, trilha, roteiro.... todo o ambiente do filme conta a história e espelha a nossa sociedade também.

A verdade é que não existe fórmula né. Quando acontece não tem como escapar. Mas por vezes é bom refletir sobre como “perdemos” a mão pra dar lugar ao outro. Talvez os gestos de Sheldon tenham mesmo sido altruístas e genuínos. Mas vocês devem saber de casos em que essa doação é mais uma forma de acorrentar o outro.

Spike Jonze realmente sabe como poucos discutir as relações humanas. É mais uma obra que ajuda a gente a reavaliar algumas coisas e lembrar-se do que, e principalmente de quem, é importante. Há coisas que definitivamente não foram criadas para serem automatizadas.


Neste ponto eu concordo com o Spike. E você?
beijo!

10 de maio de 2015

Unbreakable Kimmy Schmidt

 "A vida começa quando o mundo não acaba" Com esse mote a série Unbreakable Kimmy Schmidt chegou timidamente ao Netflix. E olha que o Netflix agora está na crista da onda. Não bastasse o espaço que ele vinha ganhando com Orange is the New Black e House of Cards, os caras acabam com a minha já inexistente vida social com o lançamento do Demolidor e promessa de outras quatro séries dos integrantes dos Defensores. Mas não é disso que eu vim falar, me empolguei :)

Dizia eu que Unbreakable chegou timidamente ao circuito e já no primeiro episódio deixa bem claro que os outros 12 serão deliciosamente fantásticos. Kimmy (Ellie Kemper) ficou 15 anos em um bunker ouvindo de um reverendo (que inclusive a sequestrou) que o mundo havia acabado. 15 anos na companhia de outras três mulheres, acreditando que eram as únicas sobreviventes do apocalipse. Um dia um esquadrão policial as encontra e qual não foi a surpresa da moça Kimmy ao descobrir que não só o mundo não havia terminado como estava superpopuloso!

A partir daí a gente acompanha esta pessoa tentando voltar aos trilhos. Afinal ela se recusa a viver da fama de "mulher toupeira", dada à elas pela imprensa, e decide ir atrás dos seus sonhos. Arranja um emprego, descola um melhor amigo gay e vai à luta. É uma situação mais fantástica que a outra. Imagine voltar em um mundo onde tudo é fotográfico, a língua praticamente já não é a mesma (ah neologismo!) e boa vontade parece ser uma condição genética rara.

A série é de Tina Fey e só vendo pra ter certeza de quanto a Tina faz falta na telinha. Meu Deus do céu! O elenco é praticamente o de 30 Rock e aquela dose de exagero dos personagens dá a cara de Tina ao seriado.

Mas não pense que é mais uma história com personagens caricatos. O caricaturismo aqui é o feitiço da coisa toda. Guarde bem esse nome: Titus Andromedon. Esse é o cara que TODO mundo merece ter como amigo. Eu juro que ri tanto, mas tanto dele que só de lembrar quero virar do avesso de vontade de rir novamente.

Os temas? Otimismo, força de vontade, coragem, passando por família, amizade, preconceito, manipulação e por aí vai. A Tina até dá uma canja como a advogada de Kimmy contra o reverendo, que eu não vou contar quem é mas está impagável!

E Jaqueline Vorhees (Jane Krakowski)? A madame para quem a Kimmy vai trabalhar... a princípio mais uma socialite rasa mas com o tempo a gente vai descobrindo quem ela realmente é. Óbvio que ela continua brilhantemente insana mas você aprende a amá-la.

Em suma, Unbreakable vem suprir uma lacuna na grade de seriados, que deixou os órfãos de The Office, 30rd Rock e Parks and Recreation se perguntando quando uma nova comédia sagaz viria.

Não é um seriado de autoajuda. Não se trata de mostrar como é possível dar a volta por cima e acreditar e blá blá blá. Trata-se de um roteiro muito bem escrito, atuações inspiradas e garantia de boníssimos momentos. Em outras palavras, imperdível!

Ela veio. Arrasou e já garantiu a segunda temporada. 
Que chegue logo!